Léo Sodré: Traços de Natureza e Emoção
Léo Sodré nasceu no Rio de Janeiro e cresceu em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde viveu até os 23 anos. A vivência nesse contexto moldou sua forma de ver o mundo e influenciou diretamente sua expressão artística, trazendo temáticas e conceitos fundamentados na consciência adquirida nesse processo. Desde pequeno, ele sempre demonstrou interesse por criação e experimentação, mas foi no desenho que encontrou sua principal forma de expressão. Com formação acadêmica em História da Arte, Léo aprimorou sua capacidade de buscar referências e fundamentação conceitual para suas produções. Durante a graduação, teve contato com a técnica da xilogravura, que hoje influencia sua abordagem na tatuagem. Suas primeiras influências artísticas vieram dos animes, desenhos e séries que assistia na infância e adolescência, que despertaram seu interesse pelo desenho e pela arte.
Desde cedo, Léo ficava fascinado pelos desenhos que via nas peles alheias, o que alimentou sua curiosidade e o desejo de um dia ser tatuador. A virada de chave ocorreu em uma conversa com seu pai, quando ele compartilhou seu sonho de ser tatuador. Mesmo sem ter tatuagens ou grande afinidade com a arte, seu pai perguntou por que ele não tentava no presente. Esse incentivo foi o impulso que precisava para iniciar sua jornada. Antes de adquirir os equipamentos, Léo estudou intensamente, consumindo conteúdo online sobre materiais e técnicas. Quando finalmente conseguiu seu kit, iniciou seus experimentos em casa, até conseguir uma vaga como aprendiz em um estúdio. Ao longo desse caminho, contou com o apoio de amigos que o incentivaram e ajudaram a aperfeiçoar sua arte. Sua amiga e tatuadora Malu teve um papel fundamental ao indicá-lo para a chefe e amiga Débora, proporcionando uma oportunidade valiosa em sua carreira.
Léo Sodré tem uma forte afinidade com o estilo Blackwork, embora busque referências em diversas vertentes da tatuagem. Seu estilo está em constante evolução, mesclando influências variadas e criando composições dinâmicas que contam histórias e se integram harmoniosamente ao corpo. Um dos elementos recorrentes em seu trabalho é o coração, simbolizando sentimentos, paixões e até mesmo a essência do ser humano, sujeito às afetações da vida. Para Léo, a tatuagem é mais do que uma questão estética; é uma forma de expressão carregada de simbolismo, ainda que em alguns casos seja apenas uma escolha visual. Ele acredita que, independentemente do motivo, a tatuagem nasce de um desejo consciente de registrar algo significativo no corpo.
Entre suas experiências mais marcantes, destaca-se um projeto onde fez um fechamento de braço quase completo, montando uma composição a partir de seis ideias diferentes trazidas pelo cliente. Esse processo colaborativo resultou em uma obra que o satisfez artisticamente e que teve grande significado para o cliente. Embora ainda não tenha participado como tatuador em convenções, já visitou algumas e as considera valiosas para ampliar suas referências. Seu grande sonho é expandir seus projetos, explorando novas escalas e técnicas, levando sua arte a diferentes lugares e públicos. Léo é criterioso ao aceitar trabalhos e, até o momento, nunca precisou recusar tatuagens por questões éticas. Quando percebe que um projeto não se encaixa em seu estilo ou que outro profissional pode executá-lo melhor, prefere indicar colegas que tenham maior afinidade com o trabalho solicitado.
O processo criativo de Léo é colaborativo. Ele busca compreender as referências e motivações do cliente, construindo o projeto de forma conjunta. Ainda assim, recebe bastante liberdade para criar e sugerir ideias que agreguem valor à peça final. Dentre as experiências curiosas que vivenciou, uma das mais engraçadas foi quando um amigo cliente pediu três tatuagens, sendo uma delas a imagem de um Pug fazendo cocô. A ideia inusitada se concretizou, e até hoje arranca boas risadas.
Fora do trabalho, Léo busca inspiração na observação dos detalhes do mundo ao seu redor, especialmente na natureza. A música também tem papel essencial em sua rotina, ajudando na concentração e na reflexão. O legado que Léo Sodré deseja deixar é o da autenticidade e do autoconhecimento. Para ele, a mensagem essencial é permitir-se sentir e abraçar a própria essência, sem medo de se expressar ou de seguir seus sonhos.
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